Crianças que bebem leite artificial têm maior risco de obstrução do estômago

Quando comecei a estudar amamentação, sendo enfermeira e pai, li uma frase que me fez pensar muito, que dizia que alimentar bebês com leite artificial era um dos maiores experimentos sem controle da história. Pareceu-me uma frase forte e contundente, mas bastante lógica: um recém-nascido chega imaturo para se alimentar de apenas uma coisa que o ajuda a crescer e amadurecer rapidamente em todos os aspectos, o leite materno. No momento em que essa substância não é oferecida e dada outra, o desenvolvimento pode ser diferente.

E há muitas consequências que estão sendo conhecidas gradualmente. Já sabemos que as crianças que bebem leite artificial têm maior risco de infecções, maior probabilidade de sofrer de obesidade, pior desenvolvimento neurológico, maior risco cardiovascular, entre outras coisas. Agora também sabemos que Crianças que bebem leite artificial têm maior risco de obstrução do estômago.

O que é essa obstrução do estômago

O estudo sobre o qual estou falando comenta que essas crianças têm maior risco de sofrer estenose pilórica hipertrófica (HPS), uma obstrução do estômago que geralmente ocorre nos primeiros dois meses da vida de um bebê e que é resolvida por cirurgia. É um espessamento da camada muscular lisa do piloro, que separa o estômago do intestino delgado, com uma incidência média de dois casos por mil nascimentos. A causa disso ainda é desconhecida.

A investigação foi realizada no Hospital Infantil de Seattle, nos EUA, onde um grupo de pesquisadores analisou os nascimentos ocorridos entre 2003 e 2009. No total, 714 crianças internadas com essa obstrução e outro grupo de crianças sem estenose pilórica para compará-los.

Eles observaram o tipo de alimentação de cada criança e viram que a incidência de HPS foi reduzida de 14 casos por 10.000 nascimentos em 2003 para 9 por 10.000 em 2009. Nesse intervalo de tempo, as taxas de amamentação aumentaram 80% para 94%. Analisando os casos, eles viram que crianças que desenvolveram HPS bebiam mais leite artificial do que crianças do grupo controle, que não sofriam da doença (19,5% versus 9,1%). Além disso, eles observaram que as chances de um bebê desenvolver obstrução estomacal aumentavam quando as mães tinham 35 anos ou mais e quando estavam multípara.

Os pesquisadores concluem que o leite artificial pode ser a causa de alguns casos de HPS e que são necessários mais estudos para saber como a idade da mãe ou o fato de ela ter tido partos anteriores também pode aumentar o risco de sofrer com isso.

Como sempre dizemos, essa pesquisa e todos os efeitos colaterais que o leite artificial pode causar em bebês continuam causando apoio e ajuda a nutrizes é muito importante. Vamos lá, que toda mulher que deseja amamentar possa fazê-lo encontrando nos pediatras, enfermeiras, consultoras de lactação e na mesma família uma rede que a apóie e a ajude a tornar isso possível.