Teorias sobre a aquisição e desenvolvimento da linguagem no bebê: cognitivismo

Continuamos analisando algumas das teorias sobre a aquisição e desenvolvimento da linguagem no bebê mais importantes. Já foi a vez de dois deles: behaviorismo e inatismo; agora vamos nos aprofundar no Teoria Cognitiva, representado por Jean Piaget, psicólogo suíço.

A teoria cognitiva, em relação à origem da linguagem, pode ser considerada um acréscimo à visão inatista, pois compartilha com ela as bases relacionadas à individualidade da criança ou a uma concepção geral da linguagem como capacidade de representação.

Contudo, encontramos a diferença entre as duas teorias, quase que exclusivamente, nas quais a Teoria Cognitiva defende que a origem da linguagem está intimamente ligada ao desenvolvimento cognitivo, para que a criança aprenda a falar apenas quando acessar cognitivamente um certo nível desse desenvolvimento cognitivo.

Em outras palavras: nosso filho aprenderá a falar quando estiver cognitivamente preparado para isso. Os innatistas, pelo contrário, queriam demonstrar a existência de uma independência da linguagem diante de outros aspectos cognitivos.

De acordo com essa teoria aquisição de linguagem depende do desenvolvimento da inteligência, ou seja, é necessária inteligência para poder adquirir um idioma. Essa teoria procura refletir como nossa capacidade cognitiva se desenvolve desde os primeiros anos de vida até a maturidade intelectual.

A inteligência começa a se desenvolver desde o nascimento, muito antes de a criança falar, para que ela aprenda a falar à medida que seu desenvolvimento cognitivo evolui e atinge o nível necessário para isso.

É o pensamento que possibilita a aquisição de uma linguagem, o que implica que, quando o ser humano nasce, ele não possui uma linguagem inata (como afirmou a Teoria Innatista), mas que ele está gradualmente adquirindo-a como parte do desenvolvimento cognitivo. Da mesma forma, uma vez adquirida a linguagem, ela ajudará a criança a se desenvolver cognitivamente.

Processo de aquisição de idiomas

No processo de aquisição da linguagem, essa teoria estabelece dois tipos de fala:

  • Discurso autocentrado: corresponde ao tipo de discurso que a criança usa para expressar seus pensamentos nesta fase, em vez de se comunicar socialmente. Esse idioma é reduzido até desaparecer após aproximadamente sete anos. (Por exemplo, quando nosso filho está brincando com os acessórios e diz em voz alta "o círculo vai para cá". Ele não está nos dizendo, mas seus pensamentos estão expressando-os em voz alta.)
  • Discurso social: é aquele que se desenvolve após o egocêntrico (no caso dos acessórios, quando ele quer se comunicar conosco, que nós o estamos vendo, onde ele tem que colocar a estatueta).
  • A construção progressiva de diferentes "esquemas" da realidade é um sinal de que a inteligência da criança está se desenvolvendo. Desde que as crianças nascem, elas constroem e acumulam esses “esquemas” que surgem da exploração do ambiente em que vivem, adaptando-os quando enfrentam experiências até então desconhecidas.

    Outra idéia da teoria cognitiva é que o aprendizado começa com as primeiras experiências sensório-motoras, formado com o desenvolvimento cognitivo e a linguagem, onde a aprendizagem continua através do conhecimento, interagindo com o ambiente circundante.

    Assim, para alcançar o desenvolvimento mental máximo, nosso filho deve passar por seu nascimento a partir de estágios diferentes e progressivos do desenvolvimento cognitivo, que ele não pode pular, nem podemos forçá-lo a alcançá-los mais rapidamente.

    Etapas do desenvolvimento infantil

    A teoria de Piaget identifica quatro estágios no desenvolvimento da criança, que são: estágio sensório-motor (desde o nascimento até dois anos), estágio pré-operacional (de dois a sete anos), estágio operacional concreto (de sete a doze anos) e estágio operacional formal (de doze a sete anos) a adolescencia).

    Não vou parar para explicar essas etapas, já que minha parceira Mireia já falou sobre o assunto mais amplamente. Você pode verificar suas entradas nos links que acompanham esta postagem, no final dela.

    Vantagens e desvantagens

    A teoria cognitiva tem suas vantagens e desvantagens, como o restante das teorias. Neste em particular, as desvantagens estão condicionadas às vantagens, que são, entre outras:

    • A precisão com que as observações de Piaget foram realizadas.
    • Estudando com seus próprios filhos, Piaget foi capaz de descobrir fenômenos que poderiam passar despercebidos se alguém não conhecido pelas crianças os tivesse feito.
    • Outra vantagem de ter realizado suas investigações com seus filhos é que ele foi capaz de decidir se o fracasso das tarefas apresentadas era devido à falta de interesse, fadiga ou incapacidade real.
    • Os estudos foram realizados por um longo período de tempo, algo que é muito raro de se realizar na condução de uma investigação.
    • Por outro lado, algumas das desvantagens dessa teoria são:

      • Baseando suas conclusões em apenas três crianças, é muito difícil generalizar para todas as crianças os resultados obtidos.
      • Piaget e sua esposa eram pesquisadores, mas, acima de tudo, eram pais. E não devemos esquecer que, em certas ocasiões, os pais não são inteiramente objetivos no desempenho de seus próprios filhos.
      • Conclusão

        O Teoria Cognitiva Ele completa as informações fornecidas pela teoria inatista no sentido de demonstrar que, juntamente com a competência linguística, é também necessária a competência cognitiva para adquirir e desenvolver a linguagem.

        Deve-se notar também que a visão cognitiva da linguagem e a relação entre linguagem e pensamento também foram apontadas pelo psicólogo russo Lev Vigotsky, embora ele a entenda da maneira oposta como Piaget.

        Entretanto, a abordagem de Vigotsky está mais relacionada à Teoria Interacionista, sobre a qual falaremos no último teorias sobre a aquisição e desenvolvimento da linguagem no bebê.